segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Ò LAURINDA, LINDA, LINDA - Canção original de Monchique


Habitualmente os amigos, em Monchique,  conviviam à volta duns jogos de cartas, os "Três Setes" e de uns medronhos pelo meio, pagos por quem ia perdendo os jogos. Claro que não eram necessários jogos nem cartas para beber medronho, qualquer pretexto servia para "matar o bicho", melhor dito seria "alimentar o bicho". Esse convívio era quase sempre secundado por canções cantadas em conjunto, umas improvisadas no momento e outras mais elaboradas. Dessas ficaram duas na memória, que aqui iremos publicar para que não fiquem esquecidas. Uma dessas canções é "Ò LAURINDA, LINDA, LINDA", originária da zona do Alferce e que consta da recolha nacional efetuada por M. Giacometti em 1962 e mereceria a atenção de Fernando Lopes Graça. A outra conhecida, que publicaremos em breve, é "MARIA LATOA". Então para que a memória não se perca aqui fica a letra e a música (no cimo desta página clique no link do youtu.be e ouça Laurinda, cantada por Vitorino):

Ò LAURINDA, LINDA, LINDA
ÉS TÃO LINDA COMO O SOL
DEIXA-ME DORMIR UMA NOITE
NAS BORDAS DO TEU LENÇOL

SIM, SIM, CAVALHEIRO, SIM
HOJE SIM AMANHÃ NÃO,
MEU MARIDO NÃO ESTÁ CÁ
FOI P´RÁ FEIRA DE GRAVÃO.

ONZE HORAS, MEIA NOITE,
MARIDO À PORTA BATEU,
BATEU UMA, BATEU DUAS,
LAURINDA NÃO RESPONDEU.

(E) OU ELA ESTÁ DOENTINHA,
OU JÁ TEM OUTRO AMORE
OU ENTÃO PROCURA A CHAVE
LÁ NO MEIO DO CORREDOR.

DE QUEM É ESTE CHAPÉU
DEBRUADO A GALÃO?
- É PARA TI, MEU MARIDO,
QUE FIZ EU POR MINHA MÃO.

- DE QUEM É ESTE CASACO,
QUE EU ALI VEJO PENDURADO?
- É PARA TI, MEU MARIDO,
QUE O TRAZES BEM GANHADO.

- DE QUEM É ESTE CAVALO,
QUE NA MINHA ESQUADRA ENTROU?
- É PARA TI, MEU MARIDO,
FOI TEU PAI QUEM TO MANDOU.

- DE QUEM É AQUELE SUSPIRO
QUE AO MEU LITO SE ATIROU?
LAURINDA, QUE AQUILO NÃO OUVIU,
CAIU NO CHÃO, DESMAIOU.

- Ò LAURINDA, LINDA, LINDA,
NÃO VALE A PENA DESMAIARES,
TODO O AMOR QUE T´EU TINHA
VAI-SE AGORA ACABAR.

VAI BUSCAR AS TUAS IRMÃS,
TRAZ A TODAS NUM ANDORO
(E) A MAIS LINDA DELAS TODAS
HÁ-DE SER O MEU AMOR.

Nota: No canto, o primeiro verso de cada estrofe é sempre repetido.

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